quinta-feira, 5 de junho de 2014

dor nas costas

O que é Dor nas costas ?

A dor nas costas está entre as queixas físicas mais comuns. Elas podem ser leves ou extremas, rápidas ou constantes. Existem várias causas, fatores de risco e formas de prevenção para a dor nas costas. A dor nas costas pode originar na coluna vertebral, músculos, nervos ou a partir de outras estruturas na região. Ela também pode irradiar a partir de outros órgãos, como os rins ou ovários.
Acabe com a dor nas costas

Causas

Entre as principais causas de dor nas costas estão:

Na consulta médica

Você sabe que suas costas doem, mas você pode não saber por que, ou o que fazer sobre isso. Ao chegar ao médico, ele fará uma série de perguntas sobre a área das costas que está doendo, seus hábitos como alimentação e prática de atividade física, além de pedir informações sobre o seu trabalho e ritmo de sono.
Durante a consulta, você deve responder perguntas de seu médico sobre a sua dor nas costas, incluindo a frequência da dor, localização e intensidade. Entre as perguntas que seu médico pode fazer na consulta para descobrir a causa da sua dor nas costas, estão:
  • A sua dor é de apenas um lado ou ambos os lados?
  • Como é a dor que está sentido? É cortante, latejante, ela queima?
  • Esta é a primeira vez que teve dor nas costas?
  • Quando a dor começou? Ela começou de repente?
  • Você sofreu algum acidente recentemente?
  • O que você estava fazendo antes de iniciar a dor? Você estava levantando pesos ou fazendo, estava sentado ou dirigindo?
  • Se você já teve dor nas costas antes, essa dor é semelhante ou diferente?
  • Você sabe a causa de episódios anteriores de dor nas costas?
  • Quanto tempo cada episódio de dor nas costas costuma durar?
  • Você sente a dor em qualquer lugar que não seja no quadril, coxa, perna ou pé?
  • Você tem alguma dormência ou formigamento?
  • Qualquer fraqueza ou perda de função em sua perna ou em outro lugar?
  • O que piora a dor? Elevação, torção, em pé ou sentado por longos períodos de tempo?
  • O que faz você se sentir melhor?
  • Existem outros sintomas presentes? Perda de peso? Febre? Dificuldade de urinar? Mudança nos hábitos intestinais?

Diagnóstico de Dor nas costas

Durante o exame físico, o seu médico irá tentar identificar a localização da dor e descobrir como isso afeta o seu movimento. Você será solicitado a: sentar, levantar e andar.
O seu médico pode pedir para você tentar andar na ponta dos pés e, em seguida, sobre os calcanhares. Também vai pedir para você levantar as pernas para cima, enquanto está deitado. Se a dor é pior quando você faz isso, você pode ter dor ciática, especialmente se você também sentir dormência ou formigamento em uma de suas pernas.
Seu médico também vai mover suas pernas em diferentes posições, incluindo dobrar e esticar os joelhos. Ao mesmo tempo, o médico está avaliando sua força, bem como a sua capacidade de se mover.
Para testar a função do nervo, o médico irá usar um equipamento para verificar os seus reflexos. Também irá tocar suas pernas em muitos locais, com um pino ou cotonete ou outros objetos para testar o seu sistema nervoso sensorial. O seu médico irá perguntar se há áreas onde a sensação do pino, algodão, ou de penas incomoda.
O seu médico provavelmente não irá pedir todos os exames durante a primeira consulta. No entanto, se você tiver algum dos sintomas ou circunstâncias abaixo, o seu médico pode pedir exames de imagem, mesmo nesta primeira consulta:
  • A dor que já dura mais de um mês
  • Tontura
  • Fraqueza muscular
  • Acidente ou lesão
  • Febre
  • Se você tiver mais de 65 anos
  • Se você já teve câncer ou têm um forte histórico familiar de câncer
  • Perda de peso.
Nestes casos, o médico está à procura de um tumor, infecção, fratura ou desordem nervosa grave. Os sintomas acima são indícios de que uma destas condições podem estar presentes. Exames que podem ser encomendados incluem:
  • tomografia computadorizada da parte inferior da coluna ou Ressonância magnética da coluna lombar
  • mielograma (um raio-x ou tomografia computadorizada da coluna depois de corante foi injetado na coluna vertebral)
  • um raio-x.

dores musculares

O que é Dor muscular?

Sinônimos: Dor muscular; Mialgia; Dor - músculos
A dor muscular é comum e pode envolver mais de um músculo. A dor muscular também pode envolver ligamentos, tendões e fáscias, os tecidos moles que conectam os músculos, ossos e órgãos.
Dor muscular: alivie o desconforto que acontece após atividades físicas

Causas

As causas mais comuns de dor muscular são:
Getty Images Nossos músculos estão espalhados por todo o corpo
  • Lesão ou trauma incluindo luxações e torções
  • Uso excessivo: usar um músculo de forma excessiva, muito cedo, com muita frequência
  • Tensão ou estresse
A dor muscular também pode ser causada por:
  • Certas drogas, incluindo: Inibidores da ACE para reduzir a pressão arterial
  • Cocaína
  • Estatinas para reduzir o colesterol
  • Dermatomiosite
  • Desequilíbrios de eletrólitos como baixo potássio ou cálcio
  • Fibromialgia
  • Infecções, incluindo: -Influenza (gripe)
  • Doença de Lyme
  • Malária
  • Abcesso muscular
  • Pólio
  • Febre Maculosa
  • Triquinose (lombriga)
  • Lúpus
  • Polimialgia reumática
  • Polimiosite
  • Rabdomiólise

Considerações

A dor muscular está mais frequentemente relacionada a tensão, uso excessivo ou lesão muscular por exercício ou trabalho fisicamente desgastante. Nessas situações, a dor tende a envolver músculos específicos e começa durante ou logo após a atividade. Em geral a atividade que está causando a dor muscular é óbvia.

dores no corpo

Dores musculares no corpo todo

Dores musculares no corpo todo
Dores musculares no corpo todo
A dor muscular generalizada, ou seja, pelo corpo todo, é altamente incapacitante e pode deixar um individuo verdadeiramente inabilitado para qualquer actividade. Este tipo de desconforto pode estar associado a diversos problemas, designadamente a infecções causadas por vírus, como é o caso da vulgar gripe.
As dores musculares são bastante comuns, podendo afectar um ou vários músculos, mas também envolver os tecidos moles que ligam os músculos, designadamente os ligamentos e os tendões, e até os ossos e os órgãos. Podem estar relacionadas com problemas de ansiedade e de stress, com lesões musculares, actividade física intensa ou trabalhos excessivamente duros.

Causas das dores musculares no corpo todo

A dor pelo corpo todo é um dos sintomas típicos da gripe e de outras infecções similares, causadas por este tipo de vírus. Mas também pode ser originada por doenças como o lúpus e a malária, ou pela triquinose (lombriga). O stress e a tensão são igualmente causas das dores generalizadas, causando um desconforto latente no individuo que as carrega.
A fibromialgia é também uma das prováveis causas das dores musculares pelo corpo todo. Trata-se de uma doença crónica em que o paciente se queixa de dores por todo o lado, sofrendo ainda de sintomas como cansaço constante, depressão, dor de cabeça, síndrome do cólon irritável, síndrome da bexiga irritável e sono perturbado. Nestes casos, as dores costumam começar numa determinada região, espalhando-se depois ou migrando para outras partes do corpo.
O diagnóstico de um caso de fibromialgia só é feito depois de o médico descartar outras possíveis doenças, mediante a observação apurada de todos os sintomas associados às dores músculo-esqueléticas generalizadas.
A execução de trabalhos físicos duros ou a sobrecarga de actividade para lá do habitual também podem causar o aparecimento de dores musculares pelo corpo todo. As actividades que obriguem as pessoas a assumirem determinadas posturas ou gestos repetitivos por longos períodos de tempo podem igualmente suscitar o aparecimento de dores em vários pontos do corpo.

Como aliviar as dores musculares no corpo todo

O recurso a medicamentos, tais como os analgésicos e os anti-inflamatórios, é uma boa solução para garantir um alívio imediato das dores musculares generalizadas. Tal como também o são os banhos de banheira em água morna – se adicionar sais de banho e colocar uma música relaxante a tocar, poderá até se esquecer da dor.
As massagens de relaxamento também são um bom lenitivo para as dores. E os exercícios de alongamentos e de fortalecimento muscular ajudarão a tonificar o corpo e a afastar a dor.
Garantir um bom sono reparador, todas as noites, é outra boa solução. E é importante que afaste o stress da sua vida – a ioga e a meditação podem ajudá-lo a aprender a relaxar.
Nos casos de fibromialgia é habitual o recurso a anti-depressivos, não só para o alívio da dor, mas também para a reparação dos outros males associados a esta condição. Poderá ainda ser preciso recorrer à psicoterapia para motivar uma verdadeira transformação na vida destas pessoas.

metastase

Metástase

Ao desobedecer aos comandos de supressão e de entrar em apoptose, as células malignas começam a dividir-se excessivamente como se tivessem voltado ao estado embrionário, mas sem o controle harmonioso que existia naquela fase. O resultado é a formação de um agrupamento microscópico de células-filhas, clones da mãe desordenada que lhes deu origem.
Na medida em que as divisões prosseguem e as novas células se empilham desordenadamente umas sobre as outras, o acesso à nutrição e ao oxigênio se transforma em questão de vida ou morte.
Então, por instinto de sobrevivência, as células malignas começam a fabricar proteínas capazes de estimular a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e de atraí-los em sua direção. Em pouco tempo estará formada uma rede de capilares que irrigarão o tumor ainda microscópico.
Essa estratégia tem um preço: a irrigação traz para o local anticorpos e os glóbulos brancos responsáveis pela organização das defesas imunológicas. Lá eles reconhecem como estranho aquele agrupamento rebelde às leis que regem a divisão celular e disparam contra ele uma resposta enérgica com a finalidade de destruí-lo.
Para resistir ao ataque, as células malignas lançam mão de todos os disfarces possíveis. Entre outras estratégias, produzem proteínas que bloqueiam a maquinaria de guerra dos glóbulos brancos, liberam fatores de crescimento para acelerar sua velocidade de multiplicação ou para bloquear a apoptose, escondem-se em locais inacessíveis às defesas imunológicas ou permanecem imóveis sem se multiplicar, para despistar o inimigo.
Apesar dessas medidas, é possível que acabem destruídas ou incapazes de sobreviver. No entanto, se não forem eliminadas nessa fase, lançam mão de sua arma mais letal: a capacidade de desgarrar-se da pequena massa tumoral, esgueirar-se para dentro dos vasos sanguíneos, cair na circulação e aninhar-se em outros tecidos, processo conhecido como metástase.
As células malignas proliferam no início (A), depois invadem estruturas locais e levam à formação de vasos sanguíneos, onde por fim penetram (B) com capacidade de se espalhar e atingir órgãos distantes.
É por isso que a detecção precoce do câncer é tão enfatizada pelos médicos. Quando o câncer é removido no início, o risco de que ele possa liberar na circulação células-filhas com capacidade de se espalhar para outros órgãos é muito menor.
Elas permanecem nesses tecidos, em silêncio, à espreita do momento propício para cumprir seu destino: multiplicar-se. Ao contrário das células normais, que não sobrevivem fora do órgão de origem, as malignas não apenas conseguem permanecer vivas durante anos, como são capazes de proliferar em qualquer tecido do organismo. Uma célula pulmonar normal implantada no fígado é eliminada rapidamente; a maligna sobrevive e forma células-filhas.
Numa metástase óssea, por exemplo, as células que crescem dentro do osso são células malignas mamárias, prostáticas ou pulmonares, de acordo com o tumor que lhes deu origem. Na metástase, a célula maligna preserva as características básicas do tumor primário, ou seja, uma metástase de câncer de mama que se espalhou para o osso, ao olhar do patologista, não é um tumor do osso, e sim, um tumor de mama sitiado no osso.
A capacidade de multiplicação das células malignas não tem limite. Elas se dividem predatoriamente, a ponto de provocar a morte do próprio organismo que lhes deu origem. Células normais cultivadas em laboratório nascem, crescem e morrem obrigatoriamente, como nós. As malignas não; se não lhes faltar nutrientes no meio de cultura, multiplicam-se sem parar, por décadas e décadas, até o final dos tempos, pois são imortais.
O que é o grau de diferenciação do câncer?
Todas as células do corpo humano se originam de uma única célula, o ovo, a junção entre o óvulo materno e o espermatozoide paterno. O ovo tem a capacidade de dar origem aos diversos tipos de células que irão formar o corpo humano, sendo essa capacidade denominada diferenciação. Assim, as células diferenciadas são aquelas que se transformaram em células de tecidos e órgãos especializados, como o cérebro, os músculos, o fígado etc.
As células do câncer costumam percorrer um caminho inverso, o da indiferenciação, que consiste na perda das características originais das células dos tecidos ou órgãos que deram origem ao tumor. Por isso, fala-se que as células do câncer são mais diferenciadas quando elas são mais parecidas com as do tecido ou órgão que lhes deu origem, e menos diferenciadas ou indiferenciadas quando existe menor semelhança entre as células do tumor e as do tecido ou órgão que lhes deu origem. Tumores mais diferenciados têm um comportamento mais favorável, ao passo que os tumores mais indiferenciados são mais agressivos.
Enfim, o que é o câncer?
O câncer pode ser definido como uma proliferação anormal e descontrolada de células oriundas de uma célula previamente normal, que sofreu uma ou mais mutações, e que tem a capacidade de se espalhar pelo organismo.
Como mostra a figura a seguir, em geral ou a mutação é reparada ou a célula morre por apoptose. Entretanto, a célula que se torna maligna não morre. Na maioria das vezes, acumula várias mutações que resultam em proliferação descontrolada e capacidade de se espalhar pelo corpo.
Note as células normais em comparação com as células cancerosas que acumulam mutações e proliferam sem controle.
Note as células normais em comparação com as células cancerosas que acumulam mutações e proliferam sem controle.

mutações

Mutações

As células-filhas resultantes da divisão celular devem ser iguais às que lhes deram origem. Portanto, seus genes devem ser idênticos aos dela. Na prática, no entanto, podem surgir pequenas alterações da molécula de DNA que chamamos de mutações e que podem ser causadas por diversos fatores.
Fatores externos
As radiações ultravioletas da luz solar, os raios X (principalmente com o contato frequente), o contato com agentes químicos e a infecção por alguns vírus podem provocar alterações na molécula de DNA capazes de modificar a estrutura de um ou mais genes. Mais tarde, quando essa célula se dividir, transmitirá para as filhas os genes que sofreram mutação.
Fatores externos que podem levar a uma mutação.
Fatores externos que podem levar a uma mutação.
Fatores internos
Por mais perfeito que seja o mecanismo pelo qual as células fazem cópias de si mesmas, ele está sujeito a erros que podem causar mutações em algum gene.
A maior parte dessas mutações é corrigida por enzimas especializadas em identificá-las e eliminá-las da molécula de DNA (enzimas de reparação). Outras mutações modificam de tal forma a estrutura do DNA e dos genes que a célula morre ou se torna incapaz de multiplicar-se.
Porém, há situações em que a mutação não é eliminada, sendo então transmitida para todas as células-descendentes. Essas mutações não eliminadas são quase inexpressivas, isto é, não provocam mudanças significativas na transmissão da descendência. Porém, quando elas ocorrem nos genes de alguma forma envolvidos nos mecanismos de divisão celular, podem causar uma multiplicação celular descontrolada.
FATORES DE CRESCIMENTO E SEUS RECEPTORES
Nas células normais, os genes não decidem isoladamente o momento em que determinada célula deve entrar em divisão ou deixar de fazê-lo. A ordem vem por meio de sinais químicos, chamados fatores de crescimento, dados por células situadas na vizinhança, nas proximidades ou à distância. Esses sinais chegam até os genes arquivados no DNA através de receptores localizados na membrana externa da célula, no citoplasma e até no próprio núcleo.
Vamos dar um exemplo. Imagine que você sofreu um corte na pele. Para reparar o tecido, as células da proximidade liberam uma proteína chamada fator de crescimento epidérmico ou EGF (sigla em inglês), que dá o sinal para que as células da epiderme se multipliquem com a finalidade de cicatrizar o corte. As células epidérmicas possuem na membrana mais externa (não no núcleo, como no caso anterior) antenas receptoras nas quais o fator de crescimento se encaixa. A junção dá início à mobilização de uma série de moléculas localizadas no citoplasma, para transmitir a mensagem até os genes situados no DNA do núcleo. Ao recebê-la, esses genes tomarão as providências para que as células da epiderme se multipliquem e cicatrizem o local.
FATORES INIBIDORES E SEUS RECEPTORES
Tão importante quanto iniciar a divisão celular para renovar os tecidos, é interrompê-la no momento adequado de modo a evitar excessos. Se não existissem fatores inibidores viraríamos massas disformes de células em multiplicação permanente, sem nenhuma chance de sobrevivência.
O mecanismo de ação dos fatores inibidores é semelhante ao daqueles responsáveis pelo crescimento: são produzidos na vizinhança, nas proximidades ou longe da célula, e se ligam aos receptores existentes nas células cuja multiplicação pretendem interromper.
Após sua ligação aos receptores existentes na membrana, citoplasma ou núcleo, os fatores supressores também vão desencadear um mecanismo que levará o sinal até o interior do núcleo, agora para ativar os genes que se encarregarão de bloquear a divisão das células.
ONCOGENES E GENES SUPRESSORES
Os genes que se encarregam de dar início ao processo de multiplicação celular não são os mesmos encarregados de interrompê-lo, tanto na célula normal quanto na célula cancerosa. A harmonia do processo de multiplicação celular dependerá do equilíbrio existente entre esses dois grupos de genes. Eles podem ser comparados ao acelerador e ao freio de um carro, equipamentos que precisam funcionar com precisão, e no tempo certo. O menor defeito num deles pode causar desastre.
Os genes que levam a um aumento da proliferação celular são chamados de proto-oncogenes. Quando sofrem uma mutação, eles são chamados de oncogenes (funcionam como o acelerador, na nossa comparação). Os oncogenes se assemelham aos proto-oncogenes que os originaram na medida em que produzem o mesmo fator que leva a um aumento da proliferação da célula. Entretanto, ao contrário dos proto-oncogenes, o fator é produzido de modo excessivo ou está alterado, o que leva a um crescimento descontrolado da célula.
Oncogene se origina de um gene previamente normal, chamado de proto-oncogene, que sofreu uma mutação. Essa mutação leva a uma produção anormal ou em excesso de um fator de crescimento, resultando em crescimento descontrolado da célula.
Oncogene se origina de um gene previamente normal, chamado de proto-oncogene, que sofreu uma mutação. Essa mutação leva a uma produção anormal ou em excesso de um fator de crescimento, resultando em crescimento descontrolado da célula.
Um segundo grupo de genes envolvidos no aparecimento dos cânceres são os genes supressores de tumores (na nossa comparação, seriam o freio). Ao contrário dos oncogenes, que não são encontrados nas células normais, mas surgem de uma mutação dos proto-oncogenes, os genes supressores de tumores são genes normais que estão presentes em todas as células. A ausência dos genes supressores, ou por inativação ou mutação, leva a um maior risco de desenvolver câncer.
Os genes supressores de tumores produzem fatores (proteínas) que inibem o processo de proliferação da célula. Assim, a ausência desses fatores resulta em uma proliferação anormal.
Note que os genes supressores de tumores produzem fatores que inibem os fatores de crescimento da célula, desacelerando seu crescimento.
Note que os genes supressores de tumores produzem fatores que inibem os fatores de crescimento da célula, desacelerando seu crescimento.
Em suma, os oncogenes são genes anormais que, quando presentes nas células, resultam em seu crescimento acelerado. Os genes supressores de tumores são genes normais que inibem o crescimento da célula, funcionando como um freio (ausentes, as células crescem de modo desenfreado).
ANGIOGÊNESE
Vamos voltar ao exemplo do corte: no processo de cicatrização não basta reparar as células da pele que foram lesadas, é preciso também cicatrizar os vasos sanguíneos cortados. Damos o nome de angiogênese à formação de novos vasos sanguíneos em resposta aos fatores de crescimento. Como veremos, a formação de vasos sanguíneos é fenômeno de grande importância no crescimento de tumores. Sem artérias e veias que transportem oxigênio, gás carbônico e nutrientes, não há possibilidade de crescimento de nenhum tecido do corpo, e os tumores não são exceção.
APOPTOSE, O SUICÍDIO DA CÉLULA
Quando privamos definitivamente uma célula de oxigênio ou de nutrientes provocamos sua morte por asfixia ou inanição. Quando aumentamos ou abaixamos exageradamente a temperatura do local em que a célula se encontra, ela morrerá queimada ou congelada. Esse tipo de morte provocada por fatores externos não é o único existente na biologia. Há outro ainda mais comum, chamado apoptose ou suicídio celular.
Na apoptose, a morte não é um processo passivo, mas ativo e organizado. Nela, ocorre ativação de determinados genes que disparam um processo que levará a célula à morte programada, como se fosse um suicídio. Isto é, a célula sofre uma desintegração silenciosa.
Muitas células se suicidam porque apresentam um defeito em seu DNA que não pôde ser reparado pelas enzimas encarregadas dessa função. Outras já nascem com um programa interno que as levará ao suicídio assim que atingirem determinada fase de desenvolvimento. É por esse processo, por exemplo, que ocorre a queda dos cabelos com a idade.
Morrer por apoptose é o destino final da maioria de nossas células, processo necessário para manter a integridade dos tecidos. Como veremos mais adiante, fatores que bloqueiam ou impedem a apoptose podem causar crescimento celular descontrolado.

dna e divisao celular

DNA e divisão celular

As células são constituídas por uma membrana externa que circunda o citoplasma e um núcleo que contém a molécula de DNA.
Célula humana. O DNA está contido no núcleo.
Célula humana. O DNA está contido no núcleo.
A molécula de DNA tem a forma de uma hélice dupla, enrolada ao redor de si mesma, na qual estão contidos os genes. Ela poderia ser comparada a uma biblioteca na qual os livros ordenados nas estantes seriam os genes.
Com exceção de alguns vírus, o DNA é a molécula que armazena os genes em todos os seres vivos: bactérias, fungos, animais ou vegetais. Como os seres vivos possuem um ancestral comum, do ponto de vista químico, todos eles têm o mesmo DNA, sejam bactérias, formigas, mosquitos, árvores ou elefantes. O que diferencia um ser vivo de outro são o número e as características dos genes, não as moléculas que os constituem.
Quando afirmamos que o homem tem cerca de 30 mil genes diferentes, queremos dizer que cada uma de nossas células carrega na molécula de DNA de seu núcleo todos os genes responsáveis por nossas características físicas: da cor dos olhos ao tamanho do nariz e ao formato da molécula de hemoglobina. Para dar uma ideia da quantidade de DNA existente no corpo, se retirássemos o DNA de dentro do núcleo de qualquer de nossas células e puxássemos as duas extremidades da hélice para esticá-la, verificaríamos que ela mediria cerca de 2 mm. Como o corpo humano tem aproximadamente 70 bilhões de células (com 2 mm de DNA em cada uma), se amarrássemos as extremidades e esticássemos todos os DNAs de cada célula, obteríamos um fio de 140 mil quilômetros (a distância da Terra à Lua é de cerca de 380 mil quilômetros).
Divisão celular
O corpo humano está em permanente processo de renovação. Em qualquer momento do dia ou da noite algumas células estão morrendo, enquanto outras nascem para substituí-las. O tempo de vida de cada uma é muito variável. Podem viver apenas algumas horas (alguns glóbulos brancos), dias (pele, mucosa dos intestinos), poucos meses (glóbulos vermelhos), ou muitas décadas (alguns glóbulos brancos, neurônios, células musculares). Até tecidos sólidos como os ossos estão em remodelação constante: 10% do tecido ósseo se renova anualmente. Isso significa que em 70 anos de vida trocamos o esqueleto inteiro sete vezes.
Esse processo incessante exige que as células façam cópias de si mesmas para substituir as que envelheceram e precisam morrer. Para produzir essas cópias, a célula tem que se dividir em duas, mas é muito importante que as células-filhas sejam idênticas às que lhes deram origem. Caso contrário, uma célula da pele, ao dividir-se, poderia formar um glóbulo vermelho ou um neurônio, desorganizando completamente o organismo.
Quem controla a divisão celular, essencial para manter a integridade do organismo, são também genes situados no DNA do núcleo. Deles é que parte a ordem para a célula entrar em divisão, e são eles que supervisionam o processo inteiro (chamado de ciclo celular) para assegurar que as duas células-filhas sejam idênticas à célula-mãe.
A cada instante, milhões e milhões de células se encontram em divisão. O processo é tão bem controlado pelos genes que raramente se forma uma célula-filha defeituosa. Quando isso acontece, chamamos de mutação. Em geral, o corpo tem mecanismos muito eficientes para eliminar as mutações. Muitas vezes as mutações podem até coexistir nas células, desde que não tragam problemas para seu funcionamento. Essas mutações que subsistem, especialmente quando ocorrem em células germinativas (os óvulos e os espermatozoides), são fundamentais para gerar mais diversidade entre as espécies e garantir sua evolução.

oq é o cancer

Genes

dna1-cosmin4000-537x366O óvulo e o espermatozoide contêm, cada um, uma fita de DNA com 30 mil genes. Quando ocorre a fecundação (união entre os dois tipos de células), é gerada a chamada célula-ovo, que herda duas fitas de DNA com os 30 mil genes se dispondo em pares, condição absolutamente necessária para que um novo indivíduo seja gerado. Em seguida, a célula-ovo, em posse agora de duas fitas de DNA, trata de embaralhar todo o material genético do pai e da mãe. O indivíduo que vai resultar das divisões dessa célula-ovo será, portanto, único em sua constituição genética.
A consequência desse embaralhamento dos genes é interessante. Somos fisicamente distintos de outras pessoas da nossa espécie, e até dos nossos irmãos, por conta dessa mistura, e também porque os 30 mil genes são discretamente diferentes em cada indivíduo, quando examinados bem de perto. A variabilidade dos genes humanos geralmente é muito sutil, mas o efeito final, quando se observa o fenômeno ocorrendo nos 30 mil pares de genes, é impressionante, de forma que a chance de que algum dia outra pessoa venha a apresentar a mesma carga genética que a nossa, com exceção dos gêmeos idênticos, é infinitamente pequena.
Ao fazer a primeira divisão, essa célula primordial trata de copiar os 30 mil pares para dividi-los em dois pacotes iguais, um para cada célula-filha. Sucessivamente, as células-filhas repetem a operação e se dividem em quatro, oito, 16, 32, até chegar aos 70 bilhões de células do organismo adulto, cada uma das quais contendo o pacote completo de instruções armazenadas nos genes originados de nossos pais.
Se todas as células do organismo contêm os 30 mil genes, o que faz uma célula da pele ser diferente de uma do fígado ou do cérebro? Já nas primeiras fases do embrião, são liberadas substâncias, denominadas fatores de crescimento, que vão agir especificamente em cada grupo celular, ativando certos genes e impedindo que outros funcionem. Numa orquestração impecável, cada célula migra para um local determinado do embrião, onde passará a expressar exclusivamente os genes necessários para exercer sua futura função. É como se cada célula humana herdasse todo o pacote de genes que foram inicialmente recebidos pela célula-ovo, mas apenas alguns setores desse pacote se encontrassem operantes, aqueles absolutamente necessários para o funcionamento do órgão em que a célula se localiza, seja pele, fígado ou cérebro.
Por exemplo: nas células que formarão a pele, um dos genes ativados será o que produz queratina, proteína essencial para revestir e impermeabilizar a superfície do corpo, e ativado (silenciado) o gene que as obrigaria a produzir insulina. No pâncreas, acontece o oposto: é ativado o gene da insulina e desativado o da queratina.
O mesmo processo de divisão celular prossegue depois do nascimento, para que os tecidos possam ser renovados constantemente: todos os genes são copiados e distribuídos para todas as células-filhas.

dores no corpo

PRINCIPAIS PONTOS DE DOR
A fibromialgia, doença identificada apenas nas últimas décadas, caracteriza-se por dor crônica que migra pelo corpo e manifesta-se predominantemente em um de seus lados, embora o outro também seja sensível.
São nove os pontos fundamentais de cada lado, portanto 18 no total, em que a dor pode instalar-se: 
1)     na região subocciptal (atrás da cabeça);
2)     no músculo trapézio (em cima do ombro e nas costas);
3)      na região supraespinal;
4)      na altura das vértebras cervicais;
5)      na articulação condrocostal, onde a segunda costela se insere no osso esterno;
6)      no joelho, especialmente na parte de trás do joelho;
7)      no trocanter, área onde o fêmur se encaixa na bacia;
8)      na região glútea;
9)      do lado do cotovelo.
Em 90% dos casos, a doença atinge as mulheres o que de certa forma confundiu o diagnóstico, uma vez que se atribuía a dor à somatização de possíveis problemas psicológicos. Hoje, se sabe que a fibromialgia é uma doença relacionada com o funcionamento do sistema nervoso central e o mecanismo de supressão da dor. Além da dor, ela provoca outros sintomas como fadiga, falta de disposição e alterações do sono.
CARACTERISTICAS E FREQUÊNCIA DA DOENÇA
Drauzio – A fibromialgia é uma doença muito frequente?
Lin Tchie Yeng – Estudos internacionais sugerem que a fibromialgia acomete de 7% a 9% da população, especialmente as mulheres na faixa dos 35 aos 50 anos, mas pode também aparecer na adolescência.
Drauzio – Quais são as principais características dessa dor e quanto ela interfere na rotina diária dos pacientes?
Lin Tchie Yeng – Dor, cansaço, falta de energia e disposição para realizar atividades rotineiras são os principais sintomas. Muitos pacientes se referem, também, à cefaleia (dor de cabeça), funcionamento inadequado do intestino (cólon irritável), sensibilidade durante a micção (síndrome da bexiga irritável) e ao sono pouco reparador, o que faz as pessoas já levantarem cansadas.
IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO
Drauzio – Existem nove pontos em cada lado do corpo em que a dor pode instalar-se. Como isso ocorre?
Lin Tchie Yeng – Normalmente, a dor da fibromialgia aparece num ponto determinado. A pessoa se queixa, por exemplo, de dor no braço e o médico suspeita de tendinite ou LER (lesões por esforços repetitivos). No outro dia, ela reaparece no ombro ou nas regiões lombar e cervical. É uma dor migratória que, na ausência de diagnóstico e tratamento adequado, pode espalhar-se por todo o corpo.
Drauzio – Você poderia explicar o que é LER?
Lin Tchie Yeng – LER (lesões por esforços repetitivos), ou DOT (distúrbios osseomusculares relacionados ao trabalho), é uma doença bastante comum atualmente. Estima-se que, em São Paulo, de 5% a 8% dos trabalhadores apresentem dor no braço ou na região cervical como consequência de suas atividades profissionais. No Hospital das Clínicas, mais ou menos 30% das pessoas com tendinite provocada pela repetição contínua de certos movimentos, sofrem também de fibromialgia e isso causa diagnósticos e tratamentos equivocados.
Não se sabe ainda explicar, porém, se a falta de tratamento adequado faz com que essa dor de início localizada se irradie por todo o corpo. O que se sabe é que nessas pessoas o sistema supressor da dor, que coordena a relação entre dor e analgesia, não funciona direito.
DOR TÍPICA DA FIBROMIALGIA
Drauzio – Quando você atende um paciente que se queixa de dor no braço ou nas costas que persiste por alguns dias quando escreve no computador por mais tempo, o que a faz suspeitar de que esse sintoma não seja resultado da má postura e da repetição dos movimentos, mas indique um processo de fibromialgia em desenvolvimento?
Lin Tchie Yeng - Sabe-se que 70% a 80% das pessoas já sentiram, em algum momento, dor nas costas. Essas dores, no entanto, são benignas e costumam melhorar espontaneamente, sem tratamento. As dores da fibromialgia duram pelo menos três meses e, em geral, não apresentam resposta satisfatória aos tratamentos clássicos com analgésicos, anti-inflamatórios e fisioterapia. Por isso, quando a dor for crônica, é importante procurar um especialista para diagnóstico preciso e indicação de tratamento adequado.
Drauzio – Você acha que talvez muitos médicos ainda menosprezem esse tipo de quadro de dor migratória e generalizada?
Lin Tchie Yeng - Nos Estados Unidos, até aproximadamente quatro anos atrás, apenas 25% dos profissionais reconheciam a existência de fibromialgia. No Brasil, a tendência maior tem sido atribuir a causa dessa dor a fatores de ordem psicológica ou familiar. Assim, é comum receber pacientes tratados sem sucesso durante cinco ou seis anos e aos quais foi indicado consultar um psicólogo ou psiquiatra.
OUTROS SINTOMAS DA FIBROMIALGIA
Drauzio – Quando a dor está localizada em um único ponto, o que a faz suspeitar de fibromialgia?
Lin Tchie Yeng – A dor é apenas um sintoma e é preciso descobrir suas possíveis causas. Se a pessoa se posiciona mal diante da escrivaninha ou do computador, usa travesseiros inadequados, ou dorme de mau jeito, pode sentir dores no pescoço ou nas costas que tendem a desaparecer quando eliminados os fatores desencadeantes. No entanto, se a dor não melhora ou melhora pouco, é recidivante e não responde de maneira satisfatória aos tratamentos convencionais, médico e paciente devem levantar a possibilidade de um caso de fibromialgia.
Outro indício da doença é existirem, quase sempre, vários pontos dolorosos. Algumas vezes, a dor predomina numa região, mas podem doer todos os músculos do corpo. No exame clínico, o paciente só não se queixa de dor na testa; o resto dói tudo. Além desses, a presença de sintomas como cansaço, falta de energia e ausência de sono reparador deve ser levada em conta para o diagnóstico da doença.
ESPECIFICIDADE DO EXAME CLÍNICO
Drauzio – Como deve ser o exame clínico de um paciente com suspeita de fibromialgia? 
Lin Tchie Yeng – O primeiro passo é fazer um exame físico e neurológico para afastar a possibilidade de algumas miopatias, problemas neurológicos que podem induzir cansaço e fraqueza muscular. Depois, é feita uma avaliação das estruturas musculares, ósseas e dos ligamentos. Esses exames são fundamentais para descartar outras doenças. Por fim, apalpam-se os 18 pontos dolorosos já mencionados para fechar o diagnóstico. Alguns autores defendem que, havendo de nove a onze pontos dolorosos, a doença está caracterizada.
MULHERES SÃO MAIS VULNERÁVEIS
Drauzio – Como explicar que as mulheres representem 90% dos casos da doença?
Lin Tchie Yeng – São várias as razões. O sistema nervoso das mulheres produz menos serotonina e por isso elas também estão mais propensas à depressão. Além disso, por questões hormonais, durante a tensão pré-menstrual, tudo fica mais sensível na mulher. Outro fator repousa na dupla jornada de trabalho feminina. Hoje, as mulheres trabalham fora, mas continuam responsáveis pela execução de tarefas dentro de casa. Sobrecarregadas, pouco tempo lhes sobra para o repouso, o que facilita a incidência maior de dor pelo corpo. Cefaleia e dor nas costas, assim como as manifestações psicossomáticas, também são mais comuns entre as mulheres. Todos esses fatores somados justificam a maior incidência de fibromialgia entre elas.
PROCESSAMENTO INADEQUADO DOS ESTÍMULOS AMBIENTAIS
Drauzio – Você disse que a fibromialgia não provoca apenas dores musculares. Há alterações de sono e no funcionamento dos intestinos, por exemplo. Essas alterações associadas à dor muscular estão sempre presentes?
Lin Tchie Yeng – Não necessariamente, mas entre 50% e 80% dos casos algumas dessas queixas estão associadas à dor muscular. Na verdade, essas alterações sugerem que não está havendo um processamento adequado dos estímulos dolorosos que vêm do ambiente. A dor piora se vai chover ou faz frio e o estresse também aumenta a vulnerabilidade à dor.
Drauzio – Qual é o peso da falta de sono reparador nessa patologia?
Lin Tchie Yeng – Existe uma relação muito próxima entre dor e falta de sono, uma vez que ela é uma das principais causas da alteração do sono e que quem dorme mal fica mais susceptível à dor.
LIMIAR MAIS BAIXO DA DOR
Drauzio – O mecanismo da dor é absolutamente necessário à sobrevivência e evoluiu para que ela impeça agressões ao funcionamento do corpo. Pode-se dizer, então, que os doentes com fibromialgia têm um limiar mais baixo de dor?
Lin Tchie Yeng – Perfeitamente. Numa pessoa saudável, por exemplo, não geraria desconforto na região lombar ficar sentada por algum tempo numa postura errada, porque o sistema supressor de dor funciona a contento usando endorfinas e a serotonina produzidas pelo organismo.
Para as pessoas com fibromialgia, esses estímulos são processados de forma diferente e, em geral, resultam em dor. Além de o limiar ser mais baixo, o sistema supressor de dor funciona menos.
Sabe-se, atualmente, que nas mulheres existe uma predisposição genética familiar não verificada nos homens. Mulheres com fibromialgia, se pesquisarem em suas famílias, descobrirão parentes próximos com queixas semelhantes de dor pelo corpo. A soma desses fatores é responsável pelos quadros de dor crônica.
POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO
Drauzio – Pessoas com fibromialgia possuem mecanismo do estímulo nervoso alterado e percepção em certas áreas do sistema nervoso central também alterada. Como o tratamento pode equilibrar mecanismos tão diversos e complexos como esses?
Lin Tchie Yeng – Prescrever apenas analgésicos não é o suficiente. O tratamento clássico envolve antidepressivos em doses menores do que as indicadas para a depressão, uma vez que os neurotransmissores da dor e da depressão no sistema nervoso são muito similares ou, às vezes, os mesmos. Quando se receitam esses medicamentos, os pacientes precisam ser informados de suas propriedades específicas para garantir a adesão ao tratamento.
Atividade física também é um elemento importante para melhorar o sistema supressor da dor, pois estimula a sensação de plenitude, conforto e satisfação. 
ASSOCIAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Drauzio – Isoladamente, os anti-inflamatórios cujo uso contínuo acaba apresentando efeitos colaterais indesejáveis não resolvem o problema da dor e por isso devem ser associados aos antidepressivos?
Lin Tchie Yeng – Com o uso exclusivo de anti-inflamatórios, a dor melhora por uns tempos, mas torna a aparecer. No tratamento da fibromialgia, medicação ajuda, mas não é o suficiente. É importante trabalhar com o lado físico e psicológico do paciente. Por isso, os antidepressivos representam uma primeira e conveniente opção. Associados aos analgésicos e anti-inflamatórios, diminuem os sintomas da dor. No entanto, pacientes com fibromialgia ou dores crônicas requerem abordagem multidisciplinar para que o tratamento apresente resultados mais eficientes.
Drauzio – Fazer o diagnóstico de fibromialgia e prescrever medicamentos antidepressivos associados a anti-inflamatórios pode ser uma conduta apenas parcial, porque esses pacientes exigem uma abordagem mais ampla. O que você aconselha nesses casos?
Lin Tchie Yeng – Nos casos de espasmos ou tensão muscular, por exemplo, há necessidade de um tratamento específico. Massagens e acupuntura podem ser métodos interessantes, só que não adianta tornar os pontos dolorosos inativos se não forem feitos exercícios de alongamento e para corrigir a postura. Posteriormente, deve ser indicado ainda um programa de condicionamento físico. Todos os trabalhos demonstram que sozinha a medicação, em geral, é insuficiente como medida terapêutica. Ela precisa estar associada a atividades físicas permanentes.
É também importante estar atento às alterações de sono desses pacientes. Os antidepressivos têm a vantagem de regular os períodos de sono. Alguns deles, porém, os mais modernos, devem ser tomados de manhã, porque interferem em determinadas fases do sono o que não acontece com os tricíclicos, como a amitriptilina, que podem ser tomados à noite porque contribuem para o relaxamento muscular e ajudam a dormir.
EXECÍCIOS FÍSICOS E ACUPUNTURA
Drauzio – Que tipo de exercício físico é mais indicado para esses pacientes?
Lin Tchie Yeng – Todos esses pacientes precisam ser avaliados individualmente. Entretanto, de maneira geral, os exercícios de relaxamento e alongamento são muito importantes, como é importante orientar a postura no trabalho, em repouso, nas atividades de lazer e o condicionamento físico para fortalecer o sistema cardiovascular. Carregar pesos costuma piorar a dor.
Vencida a fase dolorosa, além desse programa de exercícios, os médicos costumam recomendar ioga, hidroginástica e caminhadas.
Drauzio – Exercícios de maior impacto como levantamento de pesos, corridas, etc. são desaconselháveis para essas pessoas?
Lin Tchie Yeng – Para essas pessoas que apresentam maior sensibilidade à dor, é melhor indicar exercícios de menor impacto. Hoje, se fala muito em Pilates, um método de trabalho físico que envolve ou não alguns aparelhos. Na verdade, é muito parecido com alongamento global e condicionamento físico. A dança mostrou ser outra atividade interessante para os pacientes atendidos no Hospital das Clínicas. Eles ouvem música e vencem o medo de se mexer e sentir dor. Ali, a receptividade dessas aulas tem sido muito boa, porque os pacientes saem com a cabeça mais leve e o corpo mais relaxado.
Drauzio – Acupuntura ajuda nos casos de fibromialgia?
Lin Tchie Yeng – A acupuntura estimula o sistema supressor da dor. Alguns pacientes com fibromialgia, porém, precisam receber um número menor de agulhas, porque são mais sensíveis à dor das picadas.
CONTROLE E REMISSÃO DA DOENÇA
Drauzio – Fibromialgia é uma doença crônica. Como costuma evoluir no decorrer dos anos?
Lin Tchie Yeng – Alguns trabalhos mostram que o mais importante nessa doença é fazer o diagnóstico. Saber o que tem deixa a pessoa mais tranquila, pois é complicado sentir dores sem nenhuma causa aparente. Como a mídia tem tratado frequentemente do assunto, alguns pacientes se diagnosticam corretamente antes de ir ao médico. Todavia, eles precisam saber que têm uma disfunção de regulação da dor provocada por distúrbios físicos e psicológicos, e precisam aprender a lidar com ela visando à melhora de sua qualidade de vida. Precisam conhecer a proposta de tratamento que inclui medicação e atendimento psicológico e emocional.
Drauzio – Alguns doentes ficam curados?
Lin Tchie Yeng – A fibromialgia não é necessariamente uma doença crônica. É como o diabetes e a hipertensão arterial para os quais existe controle dos sintomas. Já foram registrados casos em que houve uma exacerbação da enfermidade por causa de um episódio de estresse agudo. A vida corria tranquila, mas algo aconteceu, quebrou o equilíbrio e veio a crise. Por outro lado, há pacientes que conseguiram a remissão seguindo corretamente o tratamento. Essa remissão, porém, não será definitiva se não houver a correção dos fatores desencadeantes.
Drauzio – Então, não há necessidade de manter a medicação indefinidamente como se faz com o diabetes e a hipertensão?
Lin Tchie Yeng – Pacientes que conseguem controlar os fatores que desencadeiam a dor e os que a suprimem podem necessitar de pequena dose de antidepressivos só para estimular o sistema supressor. Aqueles que conseguem manter o equilíbrio com outras atividades podem prescindir desses medicamentos.
É importante lembrar que episódios agudos podem ocorrer esporadicamente, mas isso não significa que tenha havido uma recaída séria. Às vezes, basta corrigir o fator que desencadeou o processo para que o equilíbrio seja retomado.
REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS
Drauzio – Dores diárias, constantes, acompanhadas de cansaço, mau funcionamento do intestino, sono irregular podem ter repercussões psicológicas sérias. Em que medida a psicoterapia ajuda essas pessoas?
Lin Tchie Yeng – A psicoterapia ajuda a pessoa a entender e reduzir os fatores desencadeantes. Hoje, em vez da psicoterapia clássica muito difundida no Brasil, defende-se a utilização das terapias cognitivo-comportamentais que buscam modificar a percepção do que acontece ao redor e o comportamento. Se o paciente compreender a causa da doença e desenvolver hábitos e comportamentos adequados, saberá lidar melhor com os episódios dolorosos.