quinta-feira, 5 de junho de 2014

metastase

Metástase

Ao desobedecer aos comandos de supressão e de entrar em apoptose, as células malignas começam a dividir-se excessivamente como se tivessem voltado ao estado embrionário, mas sem o controle harmonioso que existia naquela fase. O resultado é a formação de um agrupamento microscópico de células-filhas, clones da mãe desordenada que lhes deu origem.
Na medida em que as divisões prosseguem e as novas células se empilham desordenadamente umas sobre as outras, o acesso à nutrição e ao oxigênio se transforma em questão de vida ou morte.
Então, por instinto de sobrevivência, as células malignas começam a fabricar proteínas capazes de estimular a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e de atraí-los em sua direção. Em pouco tempo estará formada uma rede de capilares que irrigarão o tumor ainda microscópico.
Essa estratégia tem um preço: a irrigação traz para o local anticorpos e os glóbulos brancos responsáveis pela organização das defesas imunológicas. Lá eles reconhecem como estranho aquele agrupamento rebelde às leis que regem a divisão celular e disparam contra ele uma resposta enérgica com a finalidade de destruí-lo.
Para resistir ao ataque, as células malignas lançam mão de todos os disfarces possíveis. Entre outras estratégias, produzem proteínas que bloqueiam a maquinaria de guerra dos glóbulos brancos, liberam fatores de crescimento para acelerar sua velocidade de multiplicação ou para bloquear a apoptose, escondem-se em locais inacessíveis às defesas imunológicas ou permanecem imóveis sem se multiplicar, para despistar o inimigo.
Apesar dessas medidas, é possível que acabem destruídas ou incapazes de sobreviver. No entanto, se não forem eliminadas nessa fase, lançam mão de sua arma mais letal: a capacidade de desgarrar-se da pequena massa tumoral, esgueirar-se para dentro dos vasos sanguíneos, cair na circulação e aninhar-se em outros tecidos, processo conhecido como metástase.
As células malignas proliferam no início (A), depois invadem estruturas locais e levam à formação de vasos sanguíneos, onde por fim penetram (B) com capacidade de se espalhar e atingir órgãos distantes.
É por isso que a detecção precoce do câncer é tão enfatizada pelos médicos. Quando o câncer é removido no início, o risco de que ele possa liberar na circulação células-filhas com capacidade de se espalhar para outros órgãos é muito menor.
Elas permanecem nesses tecidos, em silêncio, à espreita do momento propício para cumprir seu destino: multiplicar-se. Ao contrário das células normais, que não sobrevivem fora do órgão de origem, as malignas não apenas conseguem permanecer vivas durante anos, como são capazes de proliferar em qualquer tecido do organismo. Uma célula pulmonar normal implantada no fígado é eliminada rapidamente; a maligna sobrevive e forma células-filhas.
Numa metástase óssea, por exemplo, as células que crescem dentro do osso são células malignas mamárias, prostáticas ou pulmonares, de acordo com o tumor que lhes deu origem. Na metástase, a célula maligna preserva as características básicas do tumor primário, ou seja, uma metástase de câncer de mama que se espalhou para o osso, ao olhar do patologista, não é um tumor do osso, e sim, um tumor de mama sitiado no osso.
A capacidade de multiplicação das células malignas não tem limite. Elas se dividem predatoriamente, a ponto de provocar a morte do próprio organismo que lhes deu origem. Células normais cultivadas em laboratório nascem, crescem e morrem obrigatoriamente, como nós. As malignas não; se não lhes faltar nutrientes no meio de cultura, multiplicam-se sem parar, por décadas e décadas, até o final dos tempos, pois são imortais.
O que é o grau de diferenciação do câncer?
Todas as células do corpo humano se originam de uma única célula, o ovo, a junção entre o óvulo materno e o espermatozoide paterno. O ovo tem a capacidade de dar origem aos diversos tipos de células que irão formar o corpo humano, sendo essa capacidade denominada diferenciação. Assim, as células diferenciadas são aquelas que se transformaram em células de tecidos e órgãos especializados, como o cérebro, os músculos, o fígado etc.
As células do câncer costumam percorrer um caminho inverso, o da indiferenciação, que consiste na perda das características originais das células dos tecidos ou órgãos que deram origem ao tumor. Por isso, fala-se que as células do câncer são mais diferenciadas quando elas são mais parecidas com as do tecido ou órgão que lhes deu origem, e menos diferenciadas ou indiferenciadas quando existe menor semelhança entre as células do tumor e as do tecido ou órgão que lhes deu origem. Tumores mais diferenciados têm um comportamento mais favorável, ao passo que os tumores mais indiferenciados são mais agressivos.
Enfim, o que é o câncer?
O câncer pode ser definido como uma proliferação anormal e descontrolada de células oriundas de uma célula previamente normal, que sofreu uma ou mais mutações, e que tem a capacidade de se espalhar pelo organismo.
Como mostra a figura a seguir, em geral ou a mutação é reparada ou a célula morre por apoptose. Entretanto, a célula que se torna maligna não morre. Na maioria das vezes, acumula várias mutações que resultam em proliferação descontrolada e capacidade de se espalhar pelo corpo.
Note as células normais em comparação com as células cancerosas que acumulam mutações e proliferam sem controle.
Note as células normais em comparação com as células cancerosas que acumulam mutações e proliferam sem controle.

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